ATA DA DÉCIMA SÉTIMA REUNIÃO ORDINÁRIA DA QUARTA COMISSÃO REPRESENTATIVA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 22-7-2004.

 


Aos vinte e dois dias do mês de julho de dois mil e quatro, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Comissão Representativa da Câmara Municipal de Porto Alegre. Às nove horas e trinta minutos, foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Elói Guimarães, Ervino Besson, Guilherme Barbosa, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, Margarete Moraes e Sebastião Melo, Titulares. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Cláudio Sebenelo, Clênia Maranhão, Luiz Braz e Raul Carrion, Titulares. Constatada a existência de quórum, a Senhora Presidenta declarou abertos os trabalhos e foram aprovadas as Atas da Décima Primeira, Décima Segunda e Décima Terceira Reuniões Ordinárias. Do EXPEDIENTE, constaram os Ofícios nos 9732 e 9736/04, do Senhor César Augusto Pinto Ribeiro, Diretor-Geral do Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul; Comunicado nº 77142/04, do Senhor José Henrique Paim Fernandes, Presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE. À MESA, foram encaminhados: pelo Vereador Cláudio Sebenelo, o Pedido de Providências nº 1439/04 (Processo nº 3687/04); pela Vereadora Clênia Maranhão, o Pedido de Providências nº 1445/04 (Processo nº 3734/04); pelo Vereador Elói Guimarães, os Pedidos de Providências nos 1447, 1453 e 1459/04 (Processos nos 3761, 3799 e 3807/04, respectivamente); pelo Vereador João Antonio Dib, o Pedido de Providências nº 1461/04 (Processo nº 3815/04) e o Pedido de Informações nº 130/04 (Processo nº 3753/04); pelo Vereador João Carlos Nedel, os Pedidos de Providências nos 1448, 1449, 1450, 1451, 1452, 1454, 1460, 1464, 1465 e 1466/04 (Processos nos 3769, 3770, 3771, 3772, 3773, 3800, 3813, 3828, 3838 e 3839/04, respectivamente) e a Indicação nº 021/04 (Processo nº 3765/04); pelo Vereador Reginaldo Pujol, o Pedido de Providências nº 1385/04 (Processo nº 3591/04); pelo Vereador Sebastião Melo, os Pedidos de Providências nos 1462 e 1463/04 (Processos nos 3816 e 3817/04, respectivamente). Também, foram apregoados o Ofício nº 316/04, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre, encaminhando Veto Total ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 021/03 (Processo nº 3341/03), e o Memorando nº 284/04, firmado pela Vereadora Margarete Moraes, Presidenta da Câmara Municipal de Porto Alegre, por meio do qual Sua Excelência informa que o Vereador Raul Carrion estará representando externamente este Legislativo nos Seminários Regionais sobre o Anteprojeto de Lei da Política Nacional de Saneamento Ambiental, a ser realizado no dia vinte e nove de julho do corrente, a partir das oito horas e trinta minutos, no Hotel Coral Tower, em Porto Alegre. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Sebastião Melo, manifestando-se favoravelmente às obras de alargamento da Avenida Wenceslau Escobar, chamou a atenção para a diminuição das áreas destinadas a estacionamento do comércio regular daquela região. Também, reportou-se a Edital lançado pela Prefeitura Municipal de Porto Alegre sobre sorteio de pontos fixos de táxis, alegando desacordo dessa matéria com legislação já existente. O Vereador Raul Carrion abordou as dificuldades de implementação da Lei que determina a instalação de sanitários públicos em feiras comerciais e tratou das negociações para instalação de rede elétrica na comunidade da Vila do Campo, na Zona Norte da Cidade. Ainda, debateu a possibilidade de alteração na Portaria Municipal, que disciplina a venda ambulante de churrasquinho e analisou a obrigação constitucional de repasse de verbas do Orçamento Estadual para a área da saúde. O Vereador João Carlos Nedel contestou os Vetos do Executivo Municipal aos Projetos de Lei Complementar do Legislativo nos 021/03, que cria o Conselho Municipal de Desenvolvimento, e 023/01, que dispõe sobre a dedução de impostos. Também, pronunciou-se sobre atrasos nas obras da Avenida Wenceslau Escobar e saudou os cento e oitenta anos da imigração alemã no Estado. Finalizando, comentou a importância da correta destinação do lixo doméstico no Município. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Guilherme Barbosa divergiu de críticas feitas em relação a atrasos de obras de responsabilidade do Executivo Municipal, justificando que, em obras de grande porte, os atrasos se justificam pelos imprevistos ocorridos durante os trabalhos. Nesse sentido, manifestou-se acerca da redução de espaço para estacionamento na Avenida Wenceslau Escobar, afirmando que essas áreas estavam sendo usadas irregularmente. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador João Antonio Dib criticou as obras de alargamento da Avenida Wenceslau Escobar, questionando o porquê do atraso na entrega dessas obras e mencionando que o Executivo Municipal dispõe de verbas suficientes para concluir projetos de engenharia civil na Cidade. Também, lamentou a falta de sinalização nas ruas e avenidas da Cidade, cobrando ações da Prefeitura Municipal de Porto Alegre sobre a questão. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, a Vereadora Clênia Maranhão chamou a atenção para a carência de políticas públicas no Município de Porto Alegre, relativamente à área da saúde, lembrando que o atendimento à população carente deve ser humanizado. Ainda, manifestou-se sobre os transtornos causados às comunidades atingidas pela construção de obras públicas, citando a Lei Municipal nº 8.889/02, que dispõe sobre o impacto socioeconômico causado por esses empreendimentos. Em COMUNICAÇÕES, O Vereador Ervino Besson procedeu à leitura de artigo publicado pelo Jornal do Comércio no dia vinte de julho do corrente, de autoria do Advogado Olavo Saldanha, intitulado “Terceira Perimetral”. Sobre o assunto, ressalvando a importância da execução de empreendimentos pelo Governo Municipal, atentou para a necessidade de que as obras públicas sejam devidamente planejadas, para que sejam evitados transtornos e prejuízos à comunidade. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Sebastião Melo reportou-se aos pronunciamentos hoje efetuados nesta Casa pelos Vereadores Raul Carrion, sobre a política estadual de saúde, e Guilherme Barbosa, acerca de problemas enfrentados por comerciantes da Avenida Wenceslau Escobar, em função de obras públicas que estão sendo realizadas naquele local. Também, criticou a destinação de recursos públicos para compra de avião a ser usado pela Presidência da República. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Elói Guimarães examinou questões relacionadas à segurança pública, declarando que, caso não sejam tomadas medidas em nível nacional, o Brasil alcançará índices de violência similares aos de países como a Colômbia, com o agravamento da questão do narcotráfico. Finalizando, propugnou por análises mais aprofundadas do assunto, com a busca de novas abordagens que ultrapassem conceitos embasados apenas nas causas sociais da criminalidade. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Elói Guimarães, dando continuidade ao seu pronunciamento em Comunicações, ressaltou que a questão da violência precisa ser priorizada pelos órgãos públicos e pela sociedade civil, pois, segundo Sua Excelência, enquanto a população encontra-se encerrada em suas residências, os criminosos recebem tratamento diferenciado, invertendo-se as prioridades e envolvendo a comunidade em um clima de insegurança e de medo cada vez maior. O Vereador Cláudio Sebenelo abordou matéria publicada hoje no Jornal Diário Gaúcho, intitulada “As emergências da Capital pedem socorro”, relativa às dificuldades financeiras e estruturais enfrentadas pelos hospitais da Cidade. Ainda, contestou Veto aposto pelo Poder Executivo ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 021/03, que dispõe sobre a criação, estruturação e funcionamento do Conselho Municipal de Desenvolvimento - COMUDE - em Porto Alegre. O Vereador João Antonio Dib comentou o livro “A Mãe do Lula e o Mal de Tarkson”, do ex-Vereador Heriberto Back, citando trechos desse livro sobre o Programa de Orçamento Participativo vigente em Porto Alegre. Também, leu correspondência recebida do Fórum das Entidades de Servidores Municipais, segundo a qual a criação, pelo Governo Municipal, de um “Orçamento Participativo dos Servidores” possui como objetivos protelar reivindicações e criar cisão na categoria municipária. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Luiz Braz relembrou momentos da História do País, comparando posicionamentos assumidos por membros de Partidos que compõem o Governo Federal com as idéias divulgadas por esses políticos no período do Governo Militar. Ainda, questionou indenização concedida pelo Poder Judiciário ao Senhor Fúlvio Petracco, em reparação a danos resultantes de perseguições políticas sofridas por Sua Senhoria após mil novecentos e sessenta e quatro. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Raul Carrion, retomando questões analisadas por Sua Excelência durante seu pronunciamento em Comunicações, relativas à política estadual de saúde pública, mencionou a Lei Estadual nº 9.908/93, conhecida como “Lei dos Medicamentos”, que dispõe sobre o fornecimento de medicamentos excepcionais para pessoas carentes, afirmando que essa legislação não vem sendo cumprida pelo Governo Estadual. Às onze horas e trinta e três minutos, constatada a inexistência de quórum, a Senhora Presidenta declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores Titulares para a Reunião Ordinária da próxima quarta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pela Vereadora Margarete Moraes e secretariados pelos Vereadores João Carlos Nedel e Elói Guimarães, este como Secretário “ad hoc”. Do que eu, João Carlos Nedel, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelo Senhor 1º Secretário e pela Senhora Presidenta.

 

 


A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Passamos às

 

COMUNICAÇÕES

 

O Ver. Sebastião Melo está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Srª Presidenta, insigne Verª Margarete Moraes, colegas Vereadores, colegas Vereadoras desta Sessão matutina da nossa representação da Câmara Municipal, venho a esta tribuna, Ver. João Antonio Dib, para socializar dois assuntos dos quais estamos tratando. O primeiro trata-se da questão que envolve o alargamento da Av. Wenceslau Escobar, da qual, ontem mesmo, eu falava com o Ver. Guilherme Barbosa, que foi Secretário de Obras do Município por um bom tempo. Esta obra é necessária e vem até tardiamente, porque é uma via de escoamento importante para a Zona Sul da Cidade; portanto, o seu alargamento é extremamente importante e necessário. Mesmo a obra estando atrasada, eu quero dizer que ela é importante para o conjunto da Cidade.

Mas a Cidade tem de ser analisada no seu conjunto. O comércio de rua da nossa Cidade e do País, Ver. Dib, vem perdendo para os shopping por vários fatores, dentre os quais o fator segurança e o fator estacionamento. O alargamento que está sendo feito, Ver. Guilherme Barbosa, especialmente ali perto da Rua Landel de Moura, onde há 80 salas comerciais, prejudicando aqueles comerciantes, porque, se a obra for executada como está projetada, não haverá possibilidade de estacionamento na Av. Wenceslau Escobar! Eu queria fazer um apelo a V. Exª, que conhece a matéria. Nós iremos ao Secretário de Obras, não sei se hoje ou amanhã, juntamente com outros Vereadores, Presidenta, tratar deste assunto; é uma questão pontual, é uma reivindicação justíssima dos comerciantes, que, inclusive, estão lá com cartazes dizendo: “Olha, a Prefeitura vai-nos liquidar”. O que essas pessoas estão pedindo é para continuar trabalhando, é para terem postos de trabalho para si e para seus funcionários, e aí a Secretaria, em uma conversa preliminar, disse: “Nós não podemos mudar, conceder o estacionamento, porque o Plano Diretor determina o recuo de três metros”. Mas há local, por exemplo, perto dali, Ver. Ervino Besson, no Posto Dioga, que vai chegar a 0,80 cm, perto da Brigada! Agora, se eu vou cumprir o Plano Diretor - meu Deus do céu! -, a 300 metros dali, deixaram construir torres de 27 metros, que não eram permitidas pelo Plano Diretor, mas que, no entanto, esta Casa e a Prefeitura chancelaram. Aí vou dizer: “Não, eu não posso fazer isso, porque o Plano Diretor não permite?” Desculpem-me; desculpe-me, Ver. Elói Guimarães, arrumem outra desculpa, não esta.

Então, quero dizer, primeiro, que a obra é necessária - e não é disso que estamos falando. Agora, há uma questão pontual, que é preservar o mínimo para que os comerciantes da Av. Wenceslau Escobar possam continuar, Ver. João Carlos Nedel, sobrevivendo, porque o comércio de rua, hoje, sobrevive, a informalidade é grande, o poder aquisitivo é pequeno e os shopping vão avançando cada vez mais. Então, quando se faz uma obra, é necessário pensar no escoamento, mas também no serviço da Cidade, entre eles, os comerciantes. Essa é a primeira questão.

A segunda questão, Ver. João Antonio Dib, é que a Prefeitura lançou um edital sobre o sorteio dos pontos fixos dos táxis. O que diz a nossa Lei? A nossa Lei diz que os pontos, principalmente no quadrilátero central, são livres, podendo a Prefeitura, na frente de hotéis, transformá-los em fixos. Eu acho que, em um ano eleitoral, quando faltam dois meses para a eleição, não é o momento oportuno para se fazer isso, mas tudo bem, lançaram o edital criando os pontos fixos, e aí vêm a esta Casa, especialmente depois de duas reuniões, os taxistas da Rua da Praia com a Rua Caldas Júnior, que estão ali há 15, 16, 20 anos... Dizem que aquele ponto ali vai ser fixo porque pertence ao hotel. Mas não está na frente do hotel. Não existe hotel ali! Então, se a Prefeitura quer fazer um ponto de táxi, que faça na frente do hotel, na Rua Riachuelo. Na pior das hipóteses, Ver. Guilherme, um hotel está a 100 metros do Theatro São Pedro, e o outro está a 300 metros. Então, me desculpe, está errado, e eu tenho certeza de que o Secretário Túlio, que é um homem muito equilibrado e se distingue muito de muita gente que está aí no Governo, porque, quando um Vereador - não só este Vereador - o procura, sempre atende na medida do possível. Quero destacar isso. Eu vou conversar com ele ainda hoje, se possível, junto com os taxistas, e nós vamos ter de rever essa questão. Se quiserem botar o ponto fixo, que botem na frente do hotel. Agora, quem é que me garante, Ver. João Antonio Dib, que o porteiro do hotel vai pegar o telefone e vai chamar um táxi da Rua dos Andradas? Diga-me. Vão baixar um decreto para dizer que o porteiro do hotel vai chamar o táxi da rua dos Andradas? Se o ponto não é fixo, não é na porta do hotel, quem é que me diz que não vai chamar o táxi do ponto do Theatro São Pedro? Então, não dá para fazer isso com os nossos taxistas, que é uma outra categoria extremamente sofrida.

 

O Sr. Ervino Besson: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Sebastião Melo, até parece que nós tínhamos combinado hoje, porque o meu pronunciamento seria da mesma linha do pronunciamento de V. Exª. As obras são necessárias aqui na nossa Cidade. Há muitos problemas também na Av. Juca Batista, Vereador. Há o problema sério dos comerciantes, desse pessoal que está sobrevivendo com uma luta árdua. O meu pronunciamento também será nesta linha. Agradeço a Vossa Excelência.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: A Lei n.º 9.101 diz o seguinte: "Na área limitada pelos logradouros da Av. Mauá, da Rua Gen. Bento Martins, da Rua Cel. Fernando Machado, da Av. Desembargador André da Rocha, da Av. João Pessoa, da Rua Prof. Annes Dias, da Av. Independência e da Rua Cel. Vicente não poderão ser criados pontos fixos de táxi ou transformados os livres existentes em fixos, salvo nos pontos definidos defronte de hotéis".

Então, aqui está a Lei, e eu pergunto, desta tribuna, se a Rua Caldas Júnior com a Rua dos Andradas é defronte a algum hotel? Não é. Portanto, o Sr. Secretário, que é um homem sensível, vai ter de ouvir a categoria e vai ter de rever essa questão, porque, se quiser fazer ponto fixo, que faça na frente do Grande Hotel, na Rua Riachuelo, ou, na pior das hipóteses, se quero ser “mais realista do que o rei”, tenho de dizer que o ponto que vai atender é o do Theatro São Pedro, que está a 100 metros, e não o que está a 300 metros.

Portanto, queria fazer um apelo, especialmente ao Ver. Guilherme Barbosa, que aqui responde pela Liderança do Governo, nestas Sessões, voltando à questão da Av. Wenceslau, acho que a sua intervenção será fundamental, o senhor conhece a matéria, é uma questão pontual, o que os comerciantes estão pedindo é razoável, não estão fazendo nenhum pedido absurdo, eles querem ter o direito de trabalhar, e nós, agentes públicos, devemos nos somar a uma luta desesperadora, que é a luta pelo emprego.

Há várias lutas neste País, mas, com relação à luta pelo emprego, todos nós, irmanados, devemos fazer o possível, noite e dia, para solucionar esse problema. Está muito difícil. Cada vez há mais desempregados, e a economia desaquecida.

Portanto, acho que as obras são necessárias, mas as obras devem levar em conta o conjunto.

E, por favor, não venham dizer que o Plano Diretor não permite, porque aí os senhores vão me ouvir 10 vezes, 30 vezes, no sentido de que, quando interessa ao Executivo, os senhores desrespeitam o Plano Diretor, constroem torres altas no bairro Tristeza, com 200 metros de altura. Então, arrumem outro argumento, porque este, eu diria, não terá nenhuma sustentação perante aquela comunidade, que é sabedora disso e não vai aceitar apenas esta justificativa.

Muito obrigado, Srª Presidenta, e a nossa saudação coletiva aos colegas nesta Sessão.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Agradeço a manifestação do Ver. Sebastião Melo.

O Ver. Raul Carrion está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. RAUL CARRION: Srª Presidenta, demais Vereadores, Vereadoras, todos que nos assistem aqui e nas suas casas, em primeiro lugar, quero trazer alguns assuntos de interesse da nossa Cidade, entre eles a questão de um Projeto, uma Lei aprovada nesta Casa, de minha iniciativa, a qual determinou que nas feiras livres de Porto Alegre, Ver. Guilherme Barbosa, nas feiras artesanais, fosse obrigatória a existência de sanitários públicos. É uma questão de saúde pública, e, além de ser uma questão de saúde pública, é uma questão, também, de dignidade daqueles produtores, daqueles expositores que lá se encontram, muitas vezes, desde as 6 horas, instalando as suas bancas, ficam até às 13 horas, às vezes mais, e sem condições de realizar suas necessidades essenciais. O Projeto foi uma longa negociação com a SMIC, com a Prefeitura, com os próprios feirantes e está aprovado há mais de um ano e meio. Estamos encontrando dificuldades para implementação. Foram criadas quatro alternativas: a primeira alternativa seria construir sanitários nos locais das feiras. Em determinados casos, isso se justifica, como, por exemplo, no Largo Zumbi dos Palmares, como já existe hoje no Parque Farroupilha e na feira do Olímpico, parece-me; existe essa possibilidade na feira da Dom Cláudio José Gonçalves Ponce de Leon; a segunda alternativa seria o uso de próprios municipais nas proximidades; uma terceira alternativa seria o convênio com restaurantes e lancherias nas proximidades; e a quarta seriam os chamados ‘banheiros químicos”. De toda forma, temos ido, seguidamente, à SMIC, fizemos tratativas com o então Secretário Adeli Sell, que não conseguiu encaminhar uma solução. Agora, estamos tratando a questão com o Secretário Edson Silva e, pelo menos, queremos dar notícia de que recebemos correspondência sua no sentido de que está sendo buscada uma parceria com a Petrobrás, que deverá responder no mês de setembro. Da mesma forma, está sendo encaminhado um processo autorizando a construção de banheiros em dois próprios municipais - no caso, no Largo Zumbi dos Palmares e na feira da Rua Dom Cláudio Ponce de Leon, quase no Triângulo da Av.Assis Brasil -; inclusive os próprios feirantes se dispõem a custear a construção desses sanitários públicos, mas dependem de uma autorização da Prefeitura. Então, está devagar, Ver. Dib, mas a gente começa a observar alguns movimentos.

Segunda questão, nós tínhamos informado, no outro dia, que havíamos estado na Cohab para tratar da ligação provisória emergencial de rede elétrica, na Vila do Campo, no Rubem Berta, para superar os riscos, inclusive de incêndio, na ocupação daquela Vila, e já tomamos conhecimento de que o grupo de trabalho do Rubem Berta, a partir do nosso pleito, já deliberou, por unanimidade, concordar com que a CEEE faça essa instalação; a correspondência já foi para a Cohab, que precisa autorizar a CEEE para fazer essa ligação.

A terceira questão que nós queríamos trazer, Ver. Ervino Besson e Ver. Sebenelo, se refere àquela discussão sobre os churrasquinhos a carvão. Existe uma Portaria do Secretário anterior que só autoriza o churrasquinho feito a gás. Estivemos com o Secretário Edson Silva há uma semana - eu estive presente, o Ver. Sebenelo, o Ver. Ervino, a Verª Helena -, e naquela reunião, eu fiz a proposta de que fosse elaborada uma nova Portaria disciplinando o churrasquinho a carvão. A partir daí tomei conhecimento de que o Secretário Edson convocou uma reunião - parece-me que ontem, Ver. Ervino -, e V. Exª foi, inclusive, o único Vereador convidado - até eu, que havia dado a proposta, não fui, o Ver. Sebenelo também não foi -, e até em respeito ao Ver. Ervino, porque ele tem um Projeto na Casa, e o próprio Ver. Ervino deu a sua concordância de que independente do Projeto dele, que pode continuar tramitando, houvesse uma modificação na Portaria para resolver o problema; pois essa é que é a preocupação nossa e do Secretário.

Eu fiquei surpreso, Ver. Ervino, pois tomei conhecimento de que V. Exª não se fez presente, e mais, Ver. Sebenelo, de que os próprios trabalhadores com o churrasco a carvão não se fizeram presentes. Aí eu fiquei até preocupado, porque se há uma demanda para resolver o problema e a SMIC se dispõe a resolver, faz uma reunião para modificar a Portaria, para prestigiar o Ver. Ervino, o convida - sendo o único Vereador convidado a ir lá - e não há essa presença. Eu, sinceramente, me preocupei, porque toda a minha ida lá, todo o esforço que fiz junto à Secretaria, a Verª Helena Bonumá esteve presente, foi quem pediu a audiência, o Ver. Sebenelo esteve lá, a gente tenta resolver e os interessados não aparecem. Eu aproveito o aparte que dou para o Ver. Ervino, tenho outros assuntos, mas lhe dou um aparte rápido para entender o que está acontecendo.

 

O Sr. Ervino Besson: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Raul Carrion, para esclarecimento, na última sexta-feira, o Secretário me ligou dizendo que haveria, na segunda-feira, uma reunião. Perguntei o horário, mas ele não soube me dizer. Então, eu pedi para que a assessoria ligasse para o meu gabinete para marcar o horário, porque, tranqüilamente, eu iria à reunião. Cheguei no gabinete e não tinha nada marcado. Liguei para a SMIC - tive o cuidado de ligar para a SMIC -, falei com uma menina, da qual eu não sei o nome, só sei que era uma voz feminina. Ela disse que não tinha nada agendado. Como eu tinha um outro compromisso na Ceasa, fui para a Ceasa. A reunião estava marcada para as 17h; aí, o Secretário me ligou, e eu estava na Ceasa; já eram 17h15min, então não me fiz presente na reunião. Inclusive, o pessoal do churrasquinho não era sabedor disso. Se houve essa falha - e houve a falha -, é totalmente de responsabilidade da Secretaria ou da assessoria do Secretário.

 

O SR. RAUL CARRION: Eu agradeço os esclarecimentos. Está justificado se foi assim que ocorreu. Eu não podia entender. Vou entrar em contato com a Secretaria e vou propor que seja feita essa reunião e que se garanta a presença do Ver. Ervino Besson, porque a intenção é resolver o problema. Pode ter havido um problema de informação.

Por fim - e o tempo se escoa -, eu queria chamar a atenção dos Srs. Vereadores - o Ver. Sebastião não se encontra no momento, mas o Ver. Sebastião, inclusive, é o Presidente da Comissão de Saúde da Casa – para a notícia que nós temos, hoje, quinta-feira, no jornal Correio do Povo, na pág. 7, dando conta que os Ministérios Públicos - Federal e Estadual -, estão levando ao Governador Germano Rigotto a necessidade, Ver. Sebenelo, que também se preocupa com a Saúde, de que a Secretaria da Saúde complemente o Orçamento da Saúde do Estado para respeitar a Constituição. Deram um prazo de 15 dias úteis para que sejam definidos créditos adicionais de 326 milhões de reais para cumprir a obrigação constitucional de destinar 12% da Receita Líquida de impostos próprios e transferências à Saúde. Assinaram Procuradores da República e Procuradores do Estado, dizendo que, se isso não for feito, poderá ser exigido na Justiça o cumprimento da determinação constitucional. Para se ter uma idéia, Ver. Guilherme Barbosa, o montante, em 2004, deveria ser um bilhão e 23 milhões de reais, e estão destinados apenas 697 milhões de reais. E o dinheiro que deveria ir para a Saúde, Ver. Sebenelo - o senhor que é um lutador -, está indo para a Secretaria da Justiça e Segurança, Secretaria da Agricultura, Secretaria do Trabalho, Secretaria de Obras, IPE, e para pagamento de encargos com inativos, totalmente em desacordo com a Constituição. E mais, dizem os Ministérios Públicos (Lê.): “A não-aplicação de recursos constitucionais agrava a insuficiente oferta de serviços do SUS.”

Então, é lamentável! Eu vejo, aqui, muitas vezes, a oposição falar em CPI da Saúde, Ver. Guilherme, mas estão vendo cisco no olho do vizinho e não estão vendo a trave no olho do seu Governo. Quer dizer, trezentos e tantos milhões de reais que não estão sendo aplicados na Saúde, e é um imperativo constitucional.

Concluo, fazendo um chamamento para que os companheiros da oposição, que são situação no Governo do Estado, se preocupem com essa situação da Saúde. O Ver. Sebastião, que é o Presidente da Comissão de Saúde da Casa, se manifestou aqui, mas não comenta questões tão graves com relação às verbas para a Saúde. Parece que alguns Vereadores, às vezes, só enxergam um lado, não enxergam o outro, apesar de ser assunto relativo à Comissão a qual presidem. Muito obrigado.

(Revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Srª Presidente, Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, é muito importante ser 1º Secretário da Mesa Diretora, mas, às vezes, a gente fica constrangido com certos assuntos que precisa divulgar, que precisa promulgar. Hoje, me senti constrangido ao divulgar o Veto Total do Sr. Prefeito Municipal ao Projeto desta Casa que cria o Conselho Municipal de Desenvolvimento, o Comude. Este é um instrumento importante para a nossa Capital, para receber recursos do Governo Estadual, e o Prefeito se nega a instituir algo que vai lhe dar benefício, que vai trazer benefício para o nosso Município. Sinceramente, não dá para entender, não me entra na cabeça. Alguém quer dar recursos para a nossa Capital, para a Saúde. Nós sabemos que a Prefeitura tem uma arrecadação elevada, que os impostos são elevados, mas sabemos, também, que os recursos são insuficientes. Não tem mágica possível que faça com que se possa arrecadar o suficiente para atender às imensas demandas da nossa sociedade.

 

O Sr. Ervino Besson: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. João Carlos Nedel, eu fiquei estarrecido com as suas informações. Não só eu. Quero que V. Exª olhe para o visual do nosso colega, Ver. Guilherme Barbosa, que foi um grande Secretário: até ele ficou estarrecido, Vereador! Eu não consigo acreditar no que V. Exª estava dizendo nesta tribuna: Veto Total ao Projeto do Comude?! Olha, sinceramente, não estou entendendo mais nada do que está acontecendo nesta Cidade! Não estou entendendo mais nada, mesmo!

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Pois é. E essa, Sr. Ver. Ervino Besson, é a segunda decepção, porque também houve um Projeto de minha autoria, Ver. Cláudio Sebenelo, que criava a Lei de Sensibilidade Social, que permitia trazer recursos para aplicar no social. A Prefeitura iria arrecadar recursos para aplicar no social. E o social é um grande guarda-chuva que permite aplicar na habitação quando faltam 80 mil residências em Porto Alegre, que permite aplicar na saúde em que há falta de remédios, de equipamentos médicos, que permite aplicar na recuperação de jovens, de jovens drogados. Porto Alegre, tristemente, é a Capital de maior índice de consumo de drogas entre os jovens, empatando com o Rio de Janeiro. Tudo isso poderia ser minimizado com o acatamento dessa Lei, vetada pelo Sr. Prefeito Municipal. E, agora, quando vem o Veto ao Comude, que iria arrecadar recursos para a nossa Capital, quando já veio o Veto, em janeiro, sobre a Lei de Sensibilidade Social que iria arrecadar dinheiro para o social, eu fico cada vez mais estarrecido!

 

O Sr. Cláudio Sebenelo: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Nedel, a instalação do Comude geraria um repasse para o Hospital de Pronto Socorro de mais de um milhão e meio de reais para as reformas e recuperação do material de atendimento. Se isso não é verba para a Saúde... E por que vetar? Vetar por vício de iniciativa? É por que vai gerar despesa? Não gera um tostão de despesa. As despesas inclusive não são por conta da Prefeitura; quem paga todo o repasse do Comude é o Governo do Estado. No entanto, estamos atirando quase 10 milhões de reais pela janela.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Esperamos, Ver. Cláudio Sebenelo, que esta Casa tenha a sensibilidade de não aceitar o Veto do Sr. Prefeito. Também está nas nossas mãos a eficácia da derrubada deste Veto.

O Ver. Sebastião Melo citou as obras da Av. Wenceslau Escobar. Eu tive o cuidado, lendo o Diário Oficial, de verificar o prazo da execução da obra. Esse prazo, Ver. João Dib, conclui-se na próxima segunda-feira. Na próxima segunda-feira, encerra-se o prazo dado para a empreiteira concluir a obra. Eu tive o cuidado de fazer o cálculo e anotar na minha agenda, aqui está: segunda-feira vence o prazo, e tenho certeza de que as obras não estarão concluídas. Isso tem sido uma sistemática: atraso na execução das obras. Ora, senhoras e senhores, será que as obras não são importantes para a nossa Capital? Será que o custo/benefício para a nossa Cidade não é importante? Então, mais uma vez as obras serão atrasadas, como estão atrasadas as obras da Perimetral, como estão atrasadas as obras da Av. Juca Batista, como todas as obras atrasaram, até, meu caro Ver. Luiz Braz, autor da Lei da Rua Conselho Geral de Mães, aqui ao lado da nossa Câmara, até as obras de um simples ajuste na Rua Conselho Geral de Mães atrasou. E nas nossas barbas! E o benefício à sociedade fica com um atraso. É lamentável!

Hoje, estamos iniciando as comemorações dos 180 anos da imigração alemã. E aqui está um alemão: o Sr. Guido Kunrath, que é um dos descendentes desses imigrantes, os quais vieram para a região de São Leopoldo, do Vale do Caí, e forjaram o progresso do nosso Estado.

E eu, como membro da família Nedel, também descendente de imigrantes, tenho a minha história - cada família tem uma história, uma construção muito bonita: o meu avô saiu do Vale Real e foi para as Colônias Novas - lá para a região de São Luiz Gonzaga, Cerro Largo, Santa Rosa – para colonizar aquela região. Eles realmente iniciaram a reforma agrária aqui no Estado, com imensos sacrifícios, construindo comunidades fortes, pujantes - exemplos de solidariedade -, e a gente vê o que foi construído.

Então, cumprimentos aos descendentes alemães, que vieram trabalhar, aqui, para o bem do nosso País. Só lamentamos a ausência do Presidente Lula, pois, apesar de confirmada a sua presença, houve, naturalmente, um problema de agenda, e, embora estando aqui na Capital, não fique um pouco mais de tempo para homenagear os imigrantes alemães, que tanto construíram em nosso Estado.

E eu gostaria de encerrar, fazendo um apelo à população: que administrem, que cuidem do lixo. Há excesso de lixo depositado em terrenos, nas margens de arroios; isso está poluindo a nossa Cidade, está atraindo ratos e doenças para os nossos habitantes. Falta educação ambiental. Então, eu faço um apelo para que cuidem muito do lixo e para que denunciem quem deposita lixo em lugar inadequado. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Agradeço ao Ver. João Carlos Nedel.

O Ver. Guilherme Barbosa está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: Srª Presidenta, colegas Vereadores e Vereadoras, demais pessoas que nos acompanham nesta Sessão, houve um tempo em que a oposição aqui na Cidade dizia que nós só pintávamos meio-fio, só fazíamos obra feijão-com-arroz. Não sabiam essas pessoas que assim falavam da grande importância que era fazer um grande número de pavimentações na periferia da Cidade, melhorando muito a vida das pessoas que, no verão, tinham de conviver com muita poeira e, no inverno, com muita lama, com muito barro. Nós estávamos recuperando um passivo absolutamente necessário na nossa Cidade.

Em seguida, começaram a surgir grandes obras em Porto Alegre, realizadas pela Administração Popular. Antes da maior obra de todos os tempos, que é a 3ª Perimetral, nós já havíamos alargado a Av. Antônio de Carvalho, a Rua Dr. Campos Velho, a Estrada Eduardo Prado, a Av. Bento Gonçalves, a Av. Manoel Elias e por aí afora. Agora, a 3ª Perimetral, e, junto com ela, a Av. Juca Batista e a Av. Wenceslau Escobar.

Eu me sinto muito feliz quando, agora, a crítica da oposição diz que a obra está atrasada. Realmente, às vezes, está atrasada, mas é absolutamente compreensível quando se opera, quando se coloca em execução uma grandiosa obra como a 3ª Perimetral, que atravessa 20 bairros da nossa Cidade, mais de 12km de extensão. Ao longo da sua execução, muitas coisas apareceram sem que fosse possível prever. E sempre que ocorreu atraso, na própria 3ª Perimetral, foi de uma parada - no caso do viaduto da Av. Nilo Peçanha - que nós fizemos por nossa decisão, modificando o projeto e economizando para a Cidade mais de 900 mil reais. A outra parada foi quando a empresa executora Esbel simplesmente entrou em crise financeira, abandonou a obra e, portanto, ficou todo o trabalho para ser retomado. A outra parada foi a que ocorreu com o viaduto sobre a Av. Dr. Nilo Peçanha, aliás, sobre a Rua Benjamin Constant, em que houve uma disputa enorme entre duas empresas que participaram da licitação. Mas a obra está indo para o seu encerramento. É uma obra maravilhosa e já dá um impacto muito grande no próprio crescimento da Cidade. Ela, além de melhorar o trânsito não só naquela região - é possível dizer, na Cidade inteira, porque as pessoas deixaram de vir ao Centro quando queriam circular do norte ao sul ou do sul ao norte -, também está servindo até de balizadora do crescimento urbano da região.

Com relação à Av. Wenceslau Escobar – eu tenho acompanhado, até porque resido na região -, houve recentemente uma reunião na igreja do bairro Tristeza, na qual ficou claramente demonstrado – o Ver. Sebastião Melo não teve oportunidade de estar presente – que era uma queixa de alguns comerciantes, e a comunidade no entorno é absolutamente a favor daquilo que se está fazendo.

De qualquer maneira, já, a partir daquela reunião, a SMOV e a EPTC – é importante esclarecer aos colegas Vereadores que quem define se haverá ou não estacionamento é a EPTC e não a SMOV; a SMOV termina sendo a executora da obra, mas essa definição é feita pela EPTC –, as duas Secretarias, estão trabalhando para verificar a possibilidade de também haver estacionamento. Mas é preciso registrar que aqueles comerciantes tinham uma situação que era provisória. Ocupavam um estacionamento que, na verdade, era uma área pública. É preciso esclarecer isso. Área pública! E eles estão absolutamente equivocados ao achar que a existência da Avenida vai prejudicar o seu negócio. Estão absolutamente equivocados!

É só olhar o que acontece na própria 3º Perimetral, por exemplo. Em Teresópolis, que também é uma região de bairro, há um comércio forte na Av. Teresópolis. As lojas estão sendo aumentadas, inclusive, melhoradas no seu visual, porque os comerciantes de lá perceberam que o estacionamento das ruas transversais vai possibilitar ampliar os seus negócios. Portanto, apesar de que está sendo estudada, repito, pela SMOV e pela EPTC a possibilidade de ainda haver algum estacionamento ao longo da Av. Wenceslau Escobar, eu não tenho dúvida em dizer do equívoco desses comerciantes ao acharem que o alargamento da Avenida vai prejudicar o seu negócio. Ao contrário, a Avenida vai ficar muito mais importante, com mais trânsito, os carros vão ficar estacionados nas ruas transversais. Também a EPTC já sinalizou em permitir o estacionamento até às 16h, porque não haveria problema para o trânsito. Portanto, é um movimento sem muita razão de ser, sem apoio da comunidade do entorno, mas, mesmo assim, a Prefeitura está procurando diminuir, digamos assim, essa modificação que a obra está executando. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Muito obrigada, Ver. Guilherme Barbosa.

O Ver. João Antonio Dib está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Srª Presidenta, Verª Margarete Moraes; Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, ontem, eu fiz uma visita à Zona Sul da Cidade. Fui lá para colocar as placas denominativas de duas ruas - homenagem a Elmo Born e Silvestre Sauter - e resolvi dar uma olhada nas coisas que acontecem lá na Zona Sul. Uma das que eu verifiquei, desde logo - e eu já havia falado aqui na semana passada -, é a ausência total de placas para que o porto-alegrense e, principalmente, o não-porto-alegrense, possam se orientar. Nenhuma dessas nossas estradas - Edgar Pires de Castro, João Antonio Silveira, Costa Gama e outras tantas - dá tranqüilidade para quem nelas se movimenta saber exatamente onde está - a não ser para os moradores do local. E a Prefeitura tem muito dinheiro; tem ainda, sim, dinheiro em CDBs, apesar do choro que faz, continua tendo dinheiro em CDBs. Mas, há poucos dias, o jornal Zero Hora trazia a informação da EPTC de que uma placa denominativa de rua custa seis reais, e que eles precisavam de 14 mil placas. Acho que eles estavam equivocados no número 14 mil, deve ser muito mais do que isso! Mas é claro que também, nas estradas, não se colocaria uma plaquinha daquele tipo, e sim uma placa maior, orientando o munícipe e aquelas pessoas que, por uma razão ou outra, precisam visitar a Zona Sul da Cidade, a belíssima Zona Sul da nossa Cidade. Mas a Prefeitura, que tem muito dinheiro, não aceitou o Projeto do Ver. Sebenelo de criação dos Comudes. É evidente, a Prefeitura tem tanto dinheiro que mais ou menos 10 milhões de reais não faz diferença nenhuma para eles. O Ver. Ervino Besson perguntou porque não entendia; mas é claro, Vereador, se o Comude for institucionalizado, o Prefeito vai ter de fazer a mesma coisa que fez com o Orçamento Participativo - ele nunca aceitou que fosse institucionalizado -, nem mesmo quando o Ver. Clovis Ilgenfritz apresentou aqui o primeiro Projeto regulamentando o Orçamento Participativo. É que o Orçamento Participativo faz o que o Prefeito entende que seja feito, e depois não faz a obra, como é o caso, hoje anunciado, de que a recuperação do complexo do viaduto da Conceição não acontecerá, pois arrumaram um parecer da UFRGS de que não há necessidade, não há risco iminente. Mal sabem eles, pois, à medida que o problema vai-se agravando, a solução torna-se mais complicada. Mas com tanto dinheiro que eles têm, faz quatro anos que eles vão marcando e adiando, adiando... Então vão deixar para o próximo Prefeito fazer.

Eu também estive olhando a Av. Wenceslau Escobar. Acho que – no pensamento deste Vereador – houve um equívoco naquele alargamento. Eu não o faria! A circulação viária se faz da mesma forma que a circulação sangüínea. Eu não tenho, na ponta dos dedos, veias enormes; eu não tenho, no meu pulso, uma veia enorme; mas, ao longo do corpo, tenho veias e artérias para que possam fazer a distribuição para pequenas veias e vasos no final. E assim é o trânsito. Ora, a Prefeitura alargou a Av. Wenceslau Escobar, mas vai afunilar tudo de novo no que passa a Vila Conceição. Se fosse para fazer a obra, teria de ser o binário da Av. Wenceslau Escobar e Av. Coronel Marcos, por baixo, mas aí ninguém veria, estaria isolado, e também não incomodaria ninguém - e eu estou dizendo com a tranqüilidade de quem um dia quis alargar a Avenida - a partir da Avenida Wenceslau Escobar em direção à Rua Coronel Marcos. Iniciei a obra, inclusive, mas o meu substituto, que me sucedeu, mandou parar a obra, e hoje não há outra solução a não ser fazer o binário. Se a Prefeitura fizesse o binário, não incomodaria ninguém, não teria problema nenhum, e, quando fosse alargar a Avenida Wenceslau Escobar, também não teria problema, mas o negócio é criar problemas e atrasar a entrega das obras.

Eu não posso entender como quem tem muito dinheiro para realizar obras não as faça em tempo menor! Eu não posso entender que se faça uma licitação para execução de obras e nunca se cumpram as datas previstas para conclusão dessas obras! E eu estou falando com a tranqüilidade de quem já fez obras em toda esta Cidade. Quando fiz o corredor da Av. Farrapos, recebi uma série de críticas, eu era Secretário de Obras, só observei e num dia dei uma entrevista quando disse: ”No dia 10 de setembro, às 8 horas, eu estarei entregando o corredor da Farrapos”. Naquele dia – 10 de setembro, às 8 horas – eu entreguei o corredor da Av. Farrapos, e não tinha todos os recursos que a Prefeitura tem hoje! O corredor da Av. Assis Brasil, também, marquei a sua conclusão para o dia 5 de novembro, às 8 horas, mas dez dias antes, eu deixei a Secretaria de Obras para assumir a Secretaria do Governo. A primeira coisa que eu fiz questão de declarar, no momento da posse, foi que no dia 5 de novembro, às 8 horas, o corredor estaria pronto. E estava! E eu não posso entender por que uma Prefeitura que tem tanto dinheiro não tenha realizado as obras em tempo hábil, diminuindo as dificuldades que todos têm de enfrentar, porque a Prefeitura parece não ter técnicos - e os tem! As alterações que fazem, para desviar o trânsito quando estão fazendo obras em um trecho, são tão complicadas que, domingo, quando eu tentei fazer um trajeto na Rua Dom Pedro II, seguindo as indicações, as placas, cheguei em rua sem saída e, no fim, voltei ao ponto onde eu estava - muito mal sinalizada. A Prefeitura está cheia de dinheiro, isso é o que me preocupa; se a Prefeitura não tivesse dinheiro, tudo bem. Mas quem tem 50, 60 milhões de reais em CDBs, quem tem recursos na ordem de 20, 30 milhões de reais vinculados para obras, não pode fazer o que está fazendo com a cidade de Porto Alegre, com os comerciantes, com os munícipes em geral, porque são milhões de quilômetros em obras, como fizeram na Avenida Assis Brasil, que levou um tempo enorme e não resolveu nada! Colocaram Área Azul, fizeram estacionamento, mas por que alargar? Agora, é estranho que a Prefeitura tenha feito obras lá na Avenida Wenceslau Escobar, justamente uma Prefeitura que já teve declarado, mais de uma vez, pelo Ministério dos Transportes, como tendo a melhor equipe de trânsito e transportes do Brasil. Claro que hoje não é mais a mesma; nenhum daqueles que lá estavam continuam na Secretaria Municipal de Transportes ou na EPTC. E, por falar em melhor equipe de trânsito, eu me lembro de que o Prefeito não encaminhou para esta Casa o Plano Viário da Cidade. E também me lembro de que, entre as ofertas feitas à Comissão do Plano Diretor, que reclama de falta de assessoria, não foram aceitas a colaboração de um ex-Ministro dos Transportes, nem de três universidades, que colocaram à disposição pessoas do mais alto nível para assessorar o Plano Diretor, porque não as utilizou. É claro que eles estão lá, provavelmente, ainda esperando que haja uma preocupação de fazer bem para a Cidade ouvindo aquela gente. Inclusive um dos nomes de que eu me lembro, Dr. Renan, considerado como um dos Engenheiros componentes da melhor equipe de trânsito e transporte do País. Está lá na Ulbra, e, lamentavelmente, não está aqui assessorando o Plano Diretor, porque a Comissão não o convocou. Saúde e PAZ!

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): A Verª Clênia Maranhão está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Srª Presidenta, Srs. Vereadores aqui presentes, esta etapa do trabalho parlamentar, período das Comissões de Representação, é importante, porque permite aos Vereadores estarem com o tempo mais disponível para acompanhar a realidade dos nossos bairros, das nossas vilas, das comunidades porto-alegrenses. E todos nós, neste período, temos, então, a possibilidade de organizar reuniões com as lideranças e nos aprofundar mais sobre a problemática cotidiana em que vivem os munícipes porto-alegrenses. Seguramente a problemática que mais surge nas reuniões feitas, nos contatos, nas caminhadas que fazemos pela Cidade, referem-se à carência das políticas públicas do Município quanto à Saúde, fundamentalmente, à enorme deficiência e a falta de recursos humanos, de materiais técnicos, que permitem um atendimento humanizado e adequado às populações que penam nas filas, ou das emergências hospitalares ou dos postos de saúde do nosso Município.

Porém, eu quero, também, referir-me a uma questão que já apareceu, diversas vezes, nas intervenções dos Vereadores no dia de hoje. Trata-se da questão dos transtornos surgidos nas regiões da Cidade onde se fazem as obras públicas. Eu queria lembrar aos Srs. Vereadores que trataram deste tema que esta Casa aprovou uma Lei, e, portanto, é nossa obrigação exigir o seu cumprimento; é uma Lei pioneira em nível nacional, que exige que, no Município de Porto Alegre, as obras realizadas em um bairro, em uma comunidade, em uma região da Cidade, antes de serem iniciadas, devam ter avaliadas as repercussões socioeconômicas daquelas obras para a população que está ali. Porque, quando você mora em uma rua que se torna intransitável, isso causa um transtorno. Mas para os pequenos comerciantes, para as pessoas que têm os seus negócios naquela região, muitas vezes, o atraso e a falta de planejamento de uma obra significam a falência ou desemprego de muitos trabalhadores da área do comércio, muitos profissionais liberais de Porto Alegre acabam fechando seus consultórios, seus escritórios, porque, um belo dia, ele abre a porta do seu escritório, do seu empreendimento, e começou uma obra pública, que ele não sabe quanto tempo vai durar.

Mas essa obra significa, para ele, a falta de acesso dos clientes ao seu consultório médico, ao escritório de um contador, por exemplo. E essa realidade não impede que o Poder Público continue cobrando desse profissional o pagamento dos impostos.

Isso, na verdade, é uma coisa absurda e injusta porque faz com que a pessoa não possa continuar recebendo pelo fruto do seu trabalho, mas o Poder Público exige o pagamento dos impostos como se não tivesse tido nenhuma interferência na falência daquele empreendimento.

Acho que um dos problemas graves da Prefeitura de Porto Alegre é o descumprimento das leis, e esta lei, quando descumprida, sempre prejudica os moradores da Cidade.

(Não revisto pela oradora.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Guilherme Barbosa está com a palavra em Comunicações. (Pausa.) Ausente. O Ver. Ervino Besson está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ERVINO BESSON: Srª Presidenta, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, público que nos acompanha pela TVCâmara, quero saúda-los.

No dia 20 de julho, o Jornal do Comércio publicou uma matéria muito interessante sobre a 3ª Perimetral que me chamou muito a atenção. Vou lê-la para que todos tomem conhecimento.

(Lê.): “O tempo gasto com as obras da Terceira Perimetral em Porto Alegre já ultrapassou o período gasto com a construção da Itaipu, da ponte Rio/Niterói, da rodovia Belém/Brasília e mais de quatro edições do Fórum Social Mundial. Sem contar o tempo gasto com a construção da nossa Capital Federal.

Guardada a devida proporção, creio que terei filhos, os formarei na UFRGS, e a obra faraônica não estará concluída. Mas, também, pudera, com tudo o que ainda falta, da construção heliporto, do fraldário e do elevador com vista panorâmica, a obra só pode demorar! Isso deve ser coisa do Orçamento Participativo? Pois Higienópolis, de fato, é o lugar em que há maior distribuição de renda em nossa Capital.”

Quem escreve essa matéria é o Advogado Olavo Saldanha do Prado Lima.

Eu não vou dizer que o Advogado tem total razão nessa matéria, mas me chamou muito a atenção o que ele escreveu.

Eu moro na Zona Sul de Porto Alegre e não vou dizer que as obras não são necessárias, Ver. João Antonio Dib; claro que as obras são necessárias para a nossa Cidade. Agora, há muitos problemas nessas obras. Eu tenho recebido várias reclamações dos moradores da Zona Sul, porque eu moro lá; são problemas com relação às Avenidas Juca Batista e Wenceslau Escobar.

Na Juca Batista, nós temos pequenos comerciantes, que estão enfrentando muitos problemas, inclusive de sobrevivência, como o Ver. Sebastião Melo colocou nesta tribuna. E mais: os engenheiros responsáveis pelas obras teriam de ter cuidado com os dias de chuva, pois há muitos buracos, e vários veículos tiveram seus pneus cortados, tal a quantidade e o tamanho dos buracos. Como eu já disse, essas obras são necessárias, mas deveriam ser traçadas em determinados pontos pela empresa que vai construir. A obra deveria ser feita em determinadas etapas, para que a população não sofresse com tantos problemas, porque há os trajetos das pessoas que moram naquela região. O Ver. João Antonio Dib também se pronunciou aqui; ele, que foi Prefeito desta Cidade, conhece como poucos os problemas dela. E nós sabemos, inclusive, que alguns comerciantes não conseguem nem sobreviver com o seu comércio, tamanho o prejuízo que eles estão tendo com essas obras. Então, a Prefeitura tem de ter o cuidado de reconhecer que há pessoas que estão lá há vários anos com o seu comércio, sustentando as suas famílias, inclusive, e com vários empregados. Nós temos um desemprego brutal, hoje, em Porto Alegre, e essas pessoas também estão enfrentando esse problema. Portanto, fica aqui este alerta. O Ver. Guilherme Barbosa falou que tiveram uma reunião lá com a comunidade do bairro Tristeza. Eu acho que outras reuniões deverão ser feitas, para que os órgãos competentes e as empresas responsáveis pela construção dessas obras também ouçam a comunidade sobre os problemas que estão causando, para que possam amenizar o problema dessa população de Porto Alegre.

Portanto, fica aqui este registro, no dia de hoje, por aquelas pessoas, as várias pessoas que me procuraram, que solicitaram que eu fizesse aqui um pronunciamento. E quero dizer às outras pessoas que também enfrentam esse problema: procurem a Câmara Municipal, tragam até nós os problemas, para que, juntamente com o Executivo, juntamente com a Secretaria e com as empresas que estão fazendo essas obras, possamos amenizar o problema que essas populações estão enfrentando na Av. Wenceslau Escobar e na Av. Juca Batista. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Sebastião Melo está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Srª Presidenta, Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, eu volto a esta tribuna, porque ouvi, atentamente, o Ver. Guilherme Barbosa, e essa é a velha tática petista de tentar desqualificar aquilo que não vem pelas mãos do PT. Ora, a questão da Av. Wenceslau, dos comerciantes, é uma questão relevante. O comércio de rua vem sendo liquidado por uma série de omissões do Poder Público. Há questões estruturais que extrapolam o Município, mas a municipalidade tem feito muito para destruir a questão do comércio de rua. E, quando se faz um alargamento, eu tenho de pensar no conjunto dos interesses da Cidade, Ver. Sebenelo, e também os dos comerciantes que ali se estabeleceram, que ali pagam impostos, que ali pagam IPTU, que são profissionais liberais, que são pequenos lojistas e estão dizendo o seguinte: “Nós queremos que os nossos clientes possam continuar vindo na Av. Wenceslau, que a Av. Wenceslau não seja apenas um corredor, que as pessoas passem por ela, mas que ela tenha vida!” Então, Ver. Ervino, me desculpe, eu não poderia deixar de retornar a esta tribuna, porque não são meia dúzia de pessoas, não. Parem com isso! Respeitem a organização desses comerciantes! As suas reivindicações são justas! Portanto, nós queremos, aqui, mais uma vez, reforçar a necessidade do atendimento dessa reivindicação pontual.

Segunda questão: eu ouvi, também, o pronunciamento do Ver. Raul Carrion sobre a questão da Saúde. Eu não sou de “tapar o sol com a peneira”. Eu acho que há problemas na Saúde no Brasil inteiro e, conseqüentemente, também no Rio Grande do Sul. Agora, por que o Ver. Raul Carrion, que é tão diligente, que gosta de falar sobre a ALCA, sobre a Base de Alcântara, eu nunca o ouvi falar sobre a Saúde de Porto Alegre, quando as pessoas estão morrendo ao relento, na fila? Ou será que ele não enxerga isso? Talvez ele não tenha ido, como eu vou, nas noites frias, às 3 horas, às 4 horas, Ver. Sebenelo, lá na Vila Bom Jesus, lá no bairro Glória, lá na Vila Farrapos, quando uma senhora de setenta e poucos anos – e vejam o que é a bondade das pessoas – falou: “Vereador, quem sabe o senhor pede para a Prefeitura construir pelo menos uma marquise, porque há sereno, e eu estou aqui desde as 18 horas na tentativa de buscar uma ficha para as 8 horas do outro dia”. É desta Cidade que eu estou falando, mas parece que não querem discutir! Eu quero discutir a Saúde do Estado, eu quero discutir que falta dinheiro para a Saúde do Rio Grande, como falta em Tocantins, como falta em Goiás, porque o Presidente Lula gastou 56 milhões de reais para comprar um avião, em que até sauna colocou! Falta dinheiro para a Saúde no Brasil, Ver. Dib, porque são 154 milhões de reais de encargos dos juros da dívida externa, e este Governo, que discursa para os pequenos, que come galetinho no ABC paulista com os trabalhadores, mas governa para a catedral do capitalismo nacional e internacional... Este é o jeito petista de governar: salamaleque para banqueiro e cacete em camelô! Essa é a realidade, lá e aqui, e rola lá e rola cá! E aí o Ver. Carrion diz que eu não quero falar. Vamos para este debate, vamos discutir a Saúde do Estado e também a Saúde de Porto Alegre, que não tem remédio, não tem consulta especializada. O Programa de Saúde da Família possui 63 equipes, enquanto que, em Belo Horizonte, existem mais de 330 equipes! Então, não há problema nenhum! Quer dizer que nós temos de discutir a floresta. Eu sempre vi o Ver. Carrion discutir a floresta, mas, depois que chegaram ao Governo Federal, ele dá uma pinçadinha aqui, uma pinçadinha acolá e não quer discutir o conjunto. Nós queremos continuar no mesmo diapasão que nos trouxe a esta tribuna no primeiro dia de mandato: discutir a “floresta” e pinçar, dentro da “floresta”, as questões pontuais. Portanto, queremos discutir a Saúde do Rio Grande, mas queremos discutir a Saúde de Porto Alegre, e eu queria ouvir o pronunciamento da Bancada governista sobre as filas e sobre as pessoas que não têm atendimento na cidade de Porto Alegre. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Srª Presidenta e Srs. Vereadores, o assunto que tem sobressaltado a população é exatamente a violência, que vem tomando contornos, em nosso País, dos mais graves. Se providências nacionais, providências de Estado, eu diria, Srª Presidenta, não forem adotadas, nós, mais breve do que imaginamos, ingressaremos em uma situação semelhante a dos acontecimentos que ocorrem na Colômbia, onde se instalou, à margem do Estado oficial, da instituição, o Estado paralelo. O que estamos assistindo no Rio Grande do Sul, em especial em Porto Alegre, também são situações, no que diz respeito à violência, as mais graves que se possa imaginar. Nós testemunhamos todos, e temos, inclusive, a convite do Sr. Secretário José Otávio Germano - um competente Secretário de Segurança do Estado do Rio Grande do Sul -, acompanhado a sua luta, temos acompanhado a luta que vêm travando a Brigada Militar e a Polícia Civil, os diferentes órgãos da Segurança, mas estamos sendo, por assim dizer, batidos ou abatidos por essa força contrária à tranqüilidade e à harmonia da sociedade. Agora, temos de reconceber as coisas, temos de aprofundar o debate, Ver. Cláudio Sebenelo. Nós vamos ter de parar, vejam bem, para início de conversa, de acusar a pobreza pela infração, pela delinqüência e pela violência, porque nós sabemos que as causas mais representativas da violência se dão, evidentemente, no fato social, é bem verdade, mas ela tomou e vem tomando um aspecto, no Brasil, que nós precisamos tratar diferentemente, e os diagnósticos têm de ser diferentes. Nós estamos vesgos, nós estamos caolhos diante dessa realidade que se está abatendo sobre o País, sobre Porto Alegre e, de resto, sobre o Estado do Rio Grande do Sul, que é a violência.

Agora, até na coluna do festejado Paulo Sant’Ana, há uma polêmica - não chega ser uma polêmica, mas uma troca de cartas entre o Secretário de Segurança e o colunista Paulo Sant’Ana. O que disse o Paulo Sant’Ana em uma de suas colunas? O cronista cumprimentava, não bem cumprimentava, mas dizia, quase em um agradecimento, que o bandido, enfim, o delinqüente, o vagabundo - vamos usar esse termo -, preservou as vidas quando fez o assalto, etc. e tal, e que, em função disso, nós já estávamos aliviados. É bem verdade, há muita lógica nessa afirmação do festejado colunista Paulo Sant’Ana; há muita lógica, porque o que se vê é exatamente a morte daqueles que intentam, por assim dizer, resistir.

Então, o que está acontecendo? E o Secretário de Segurança, na missiva, Ver. João Antonio Dib, que escreveu ao colunista Paulo Sant’Ana, chamava a atenção de que nós já estamos aceitando – veja, V. Exª, a gravidade da coisa! -, já estamos incorporando a violência no cotidiano. Então, é muito grave.

Há um esforço enorme de todo o aparelho de Segurança no Estado do Rio Grande do Sul e, acredito, no País; só que nós temos de alterar as regras do jogo. É isso o que, na minha opinião, está faltando.

Vejamos a questão da lei, por exemplo, a questão do Código Penal. Eu tenho depoimentos de anos passados, não faz muito, de um brigadiano que prendeu, logo após um assalto, o delinqüente que matou uma pessoa. Quando prenderam o delinqüente, este disse: "Não vai me dar um tapa, porque, senão, eu te processo”. Este foi o depoimento de um brigadiano, que, ao prender um assaltante, o qual havia matado uma pessoa horas antes, ouviu: “Não vai me dar um tapa, pois eu te processo”. Isso aí vai desenhando esse quadro que está posto.

O trabalhador que levanta às seis horas, muitas vezes não tem carne para comer. No presídio, há nutricionista. E, qualquer coisa, há greve de fome, lá. Ou seja, é comida balanceada. Há direito de visita íntima. Mas será que isso está certo? É essa a pergunta que nós temos de fazer, no sentido de reconceber a visão sobre toda essa questão. O vagabundo assassinou uma pessoa em um assalto e, ao ser preso, disse ao brigadiano: “Não vai me dar um tapa, porque eu te processo”.

Há um caso recente de uma brigadiana, que foi assassinada brutalmente, e eu não sei como é que anda aquele processo contra os brigadianos, uma vez que eles passaram chumbo nos bandidos que a assassinaram. Não é possível! Os bandidos assassinaram a brigadiana de forma cruel, mandaram-na se ajoelhar e tocaram bala de cima para baixo. E estão aí os brigadianos respondendo processo. Será que isso está certo? Este é o questionamento que nós teremos de fazer daqui para frente, pois nós estamos em uma guerra. Ou não estamos em uma guerra? Quem é que nega a guerra que nós estamos vivendo? E sabe quem é que está sendo enrolado? É o cidadão de bem, é o homem de bem.

Seqüestraram um criminalista, ex-Presidente do Tribunal Militar, o Dr. Mathias Nagelstein - está no jornal de hoje -, e ele disse que, se ele estivesse armado, naquelas circunstâncias, ele teria morrido.

Esse Estatuto do Desarmamento também não me agrada. Eu acho que não se pode andar armado.

Peço, Presidenta, que se some ao meu tempo o tempo de Comunicação de Líder.

 

O Sr. Cláudio Sebenelo: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Na verdade, eu tenho a impressão de que os delinqüentes queriam raptar o talento do Dr. Mathias Nagelstein, não tenha dúvida disso.

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Elói Guimarães continua com a palavra, agora para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Então, o que é que nós temos de fazer, porque essa é uma questão fundamental? A questão da violência supera as demais. Nós temos desemprego, o que é grave e contribui para isso, é bem verdade, como outros fatores contribuem para a delinqüência, mas a sociedade está encurralada. As pessoas não saem à noite, grande parte dos estabelecimentos dos nossos bairros e avenidas funciona por trás das grades, através de uma portinhola; eu já vi filas, à noite, na frente da farmácia, com o atendente entregando remédios para as pessoas pela portinhola. Nós temos de mudar a visão sobre essa questão. Não é mais possível continuarmos assistindo a isso o que está acontecendo no nosso País. Vamos ficar como a Colômbia, se é que já não estamos, talvez só falte declarar.

Chacina de policiais militares no Rio de Janeiro, fato desta semana. O “vagabundo” não tem medo da autoridade, vamos usar o termo que é da Polícia, que é da Brigada. Mas não há intimidação! Ele faz e desafia se vão querer processá-lo. Olha a petulância! O cara tira a vida de uma pessoa; duas ou três horas depois é preso e se sente cheio de direitos. “Tu me dás um tapa, eu te processo!” Lá no presídio, é aquela coisa; é nutricionista e direito a sexo. Tem direito, sim! Lá tem carne, ração balanceada. O trabalhador levanta às 6 horas, e, muitas vezes, não tem carne para dar à sua família. E lá no presídio há toda aquela mordomia! Direito para cá, direito para lá. Falem com as pessoas na rua para ver a revolta da população e das pessoas de bem. Quem trabalha tem de se fechar com grade. Alguns resistem. Outro dia, ali na Av. Sertório, um pequeno comerciante, vindo do interior, montou uma tendinha, ele e a esposa. Foram duas vezes assaltados. Eu disse para ele que está todo mundo colocando grade. E ele me disse: "Olha, Vereador, se tiver que colocar grade, eu vou voltar lá para a minha terra, vou pegar a minha enxada, porque não é possível”. A situação é que tu queres trabalhar, tu queres dar emprego e tu não podes. Tu queres recolher imposto e não podes.

Então, ou se muda a visão sobre o problema, ou então nós vamos soçobrando, como estamos soçobrando. Porque começa pelo seguinte: antigamente - estão aqui policiais na Casa –, nós tínhamos as delegacias que o safado, o bandido, o vagabundo respeitava: “Não, não vou cometer isso, porque se eu chegar na delegacia, eu vou encontrar dureza lá”. Mas não há mais dureza! Fazem, acontecem e está terminado. Esta é toda a verdade. Passam anos durante o processo, vai daqui, vai dali, depois fica lá no presídio um tempo tratado a pão-de-ló, depois sai, não cumpre nem todo o tempo, porque a lei assim determina. Ou a sociedade endurece, ou eu não sei se chegaremos lá. É muito difícil! E essa é uma questão central. Em nosso País é questão central. Faz-se necessário se fazer o debate sobre essa questão, para que empurremos os entraves que, muitas vezes, não permitem que se adotem medidas fortes para resolver essa questão que é impeditiva do desenvolvimento da Cidade, dos Municípios, dos negócios, etc. Obrigado, Presidente.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Srª Presidenta, Srs. Vereadores: “As emergências da Capital pedem socorro” - é um artigo excelente do jornal Diário Gaúcho para mostrar a situação dos hospitais, motivo fundamental do meu pedido de CPI. CPI esta que foi esquecida pelo Judiciário, e, mesmo sendo uma medida liminar, mesmo sendo uma medida de urgência, está, desde fevereiro - e nós já estamos beirando quase agosto -, no Judiciário, vai terminar o ano, e nós não vamos ter nenhuma solução. E a CPI da Saúde precisa de tempo, porque a Saúde em Porto Alegre realmente se encontra no caos. Dizia o nosso Prefeito que este seria o ano da Saúde, e passou a ser o ano do caos na Saúde. É interessante, porque o Vereador Carrion - pena que ele não esteja aqui -, e tenho certeza de que não foi por má-fé, mas por ingenuidade, veio aqui falar do Orçamento do Estado em relação à Saúde. Ora, nos quatro anos do Governo Olívio não se cumpriu a Constituição: os 10% para a Saúde não se concretizaram. E, depois, com essa herança maldita deixada pelo Ministro das Cidades, que nem o seu próprio Orçamento consegue gastar, que devolve o dinheiro do seu próprio Orçamento por falta de aplicação, o mesmo Governador que mandou embora a Ford - e depois eles vêm falar em emprego e desemprego aqui -, pois essa ingenuidade do Ver. Carrion em falar em Orçamento do Estado em relação à Saúde... Mas a própria Saúde, que é municipalizada integralmente em Porto Alegre, está atirando pela janela, com o Veto do Sr. Prefeito, a reforma do Hospital de Pronto Socorro. E a Saúde está todos os dias em manchetes nos jornais da Cidade, sendo capa do jornal Diário Gaúcho hoje, com uma foto eloqüente que justifica o meu pedido de CPI da Saúde. Eu pedi a CPI da Saúde na defesa legítima dos interesses dos meus pacientes, dos nossos pacientes, dos pacientes das emergências dos hospitais, que são tratados de maneira desumana, conforme esta foto aqui. (Mostra a foto.) Esta é a foto da desumanidade - e isso eu vou gritar o resto da minha vida.

Então vemos o nosso Vereador reclamar do Orçamento do Estado quando, na verdade, estão sendo jogados pela janela quase 10 milhões de reais, por uma atitude ideológica pequena, de um Prefeito que diz que a questão é de vício de origem. Ora, mas a própria Lei Estadual, que está acima da Lei Municipal, prevê que, inclusive, se o Prefeito não tomar essa atitude – e não a tomou por uma questão visceralmente ideológica –, a Câmara Municipal tem o direito de tomá-la e criar os Comudes - o que foi feito. Não há vício de origem, não é verdade, isso é flagrantemente mentira, e o que é pior: não cria despesa nenhuma. Mais um crime prefeito que está sendo desmascarado.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Srª Presidenta Verª Margarete Moraes, Srs. Vereadores, minhas senhoras e meus senhores, aqui está um livro que eu acho que todos os Vereadores, todos os candidatos deveriam ler e conhecer (Mostra o livro.), que é de autoria do ex-Vereador Heriberto Back, de nome “A Mãe do Lula e o Mal de Tarkson”. Eu até tenho me proposto a oferecer o livro a quem desejar, onde o autor faz uma análise do Orçamento Participativo. A Prefeitura monta uma Mesa, segundo ele, que participou de muitas dessas assembléias, sem dúvida nenhuma, e diz que “não são assembléias livres”. Montada a Mesa, eles permitem que 10 munícipes falem. “Depois a Prefeitura retoma a palavra, o Prefeito encerra, de forma imperial, ou condescendente e em geral, prepotente. E o povo teve apenas a oportunidade de desabafar. E o Prefeito é considerado democrático porque ouviu o desabafo das pessoas. Nos governos anteriores a gente mobilizava o povo e ia direto botar em xeque o centro do poder. Nós botávamos o governo sob tensão. Hoje a calmaria toma conta da Prefeitura e das Secretarias.” (sic) Isso, segundo Heriberto Back, ex-Vereador do PT, ainda é militante do PT, e afirma (Lê.): “Isto é falta de respeito.” E ele diz mais (Lê.): “Mas era impressionante como os governos municipais nomeados sabiam respeitar quem tinha valor.” Agora, a Administração Municipal entendeu de fazer um Orçamento Participativo com os servidores, evidentemente não no intuito de melhorar a vida dos servidores ou da própria Cidade, mas, sim, para colocar em xeque, para jogar um contra o outro. E nós, Vereadores, todos, recebemos uma correspondência do Fórum de Entidades, que denuncia (Lê.): “...a manobra da administração municipal de Porto Alegre, que ‘criou’ a última hora, o orçamento participativo dos servidores, com o objetivo de protelar a discussão da pauta de reivindicações encaminhada pelo Fórum de Entidades dos Servidores Municipais. Entendemos que disputar equipamentos e políticas objetivas necessárias ao funcionamento da máquina pública do município não deveria ser objetivo de disputas entre colegas. Além disso tal procedimento tenta desenvolver uma relação direta da administração com os servidores,” (sic) - mas eu acho que é com alguns servidores – “passando por cima das entidades representativas, pois já está ficando difícil para administração enfrentar o debate. Compreendemos que a falência gerencial enfrentada pela P.M.P.A. nos últimos anos não é de responsabilidade dos servidores de carreira do município, pois em vários momentos as entidades alertaram o executivo municipal a respeito da crescente improdutividade das políticas administrativas que vem sendo implementadas. A nosso ver a maneira de encaminhar as questões de gestão é um processo negocial sério e qualificado entre o executivo e os servidores, através de suas legítimas entidades representativas, caso contrário quem sai perdendo é a população que necessita cada vez mais dos nossos serviços.” (sic)

Foi o que a Prefeitura fez com as associações de bairro; as associações sabiam reivindicar, conheciam os problemas da área e levavam à Prefeitura a suas reivindicações. E a Prefeitura, quando dizia que ia resolver, resolvia mesmo. Não apenas colocava numa lista para atendimento das reivindicações, lista esta onde ficavam as reivindicações por 3, 4, 5 anos, e os Prefeitos saíam, trocavam, e não realizavam aquelas promessas.

Mas eu tenho até orgulho de ter lido isto, porque os servidores municipais do quadro são realmente excelentes. Nós temos gente muito boa que foi e está sendo relegada a plano secundário; eles sempre quiseram servir à população. Eu me sinto perfeitamente tranqüilo em fazer essa observação, porque, quando fui Prefeito, das dez Secretarias, oito eram ocupadas por servidores municipais. Não havia necessidade de trazer cargos em comissão para ditar regras e normas daquilo que não entendem nada. E, de repente, a autoridade se esfacela, ninguém é o responsável, ninguém sabe quem é quem e a população sai perdendo. Os servidores municipais expressaram aqui muito bem; eles têm levado à Administração soluções para os problemas da Cidade, mas a Administração, não aceita as soluções propostas se estas não forem trazidas pelos Cargos em Comissão da Prefeitura. Isso é muito ruim, não só para os servidores, mas, sim, para o povo de Porto Alegre, que precisa de soluções para os seus problemas e não de colocar o dinheiro em CDBs para render juros - nós não somos banqueiros! Saúde e PAZ!

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Luiz Braz está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Srª Presidenta, Verª Margarete Moraes, falo para um plenário quase deserto e agradeço a V. Exª e aos dois Vereadores que ainda se encontram neste plenário. Mas é obrigação de todos os Vereadores virem até esta tribuna e expressarem os seus pensamentos.

Quando aconteceu a chamada Revolução de 1964, eu tinha uma condição econômica muito ruim; eu vinha de uma família bastante pobre - meu pai era pedreiro e minha mãe, costureira. Eu tinha, na época, 17 anos, não tinha nenhuma condição de ter noção daquilo que acontecia ao meu redor. Tinha de trabalhar: catava papel na rua, lavava garrafas, fazia tudo aquilo que era para sobrevivência e para ajudar meu pai, minha mãe, para que nós pudéssemos manter nossa casa.

Depois eu li muito a respeito da Revolução de 1964. Vi pessoas, dos dois lados, que se diziam atingidas. Mas o tempo foi passando e aquele grupo que se dizia perseguido pela ditadura instalada em 1964, aquele grupo, com o passar da história, com o passar do tempo, acabou chegando ao poder. E o que eu vejo agora é que aquelas pessoas, que, no passado, reclamavam que a sociedade precisava ser mais justa, mais igual, que as oportunidades deveriam ser para todos, essas pessoas, de uma hora para outra, começaram “meter a mão” em todos os cantos e enriquecer.

Eu leio no jornal, hoje, que um comunista muito bem situado na sociedade, muito bem situado economicamente - com uma simples assinatura do Ministro da Justiça -, recebeu mais de um milhão de reais, porque foi perseguido político, e tem direito ainda a 10 mil reais, que a União deve pagar todos os meses para ele, e, mais ainda: a participação nos lucros da Petrobrás. Quando vejo tudo isso, começo a pensar: mas será que isso, realmente, é justiça? Será que o Dr. Fúlvio Petracco foi a única pessoa, ou uma das únicas pessoas, juntamente com seu grupo, que sofreu com a revolução de 1964? Será que só ele merece receber toda essa quantia? Não seria muito melhor que nós tivéssemos uma sociedade, como todos pregavam, mais igual, com a distribuição de renda e de benefícios para todos? Mas não!

Como se isso não bastasse, Ver. Sebenelo, Ver. Dib, que são os dois Vereadores que se encontram no plenário, eu leio, esta semana, o valor dos salários que recebem as esposas dos Ministros empossados pelo Sr. Presidente Lula. A esposa do Ministro José Dirceu ganha um salário de 17 mil reais; a esposa do Ministro Berzoini ganha um salário de 19 mil reais. E por aí vai uma relação muito grande de pessoas vinculadas a estes que eram os grandes mártires da revolução de 64, justamente as pessoas que deveriam lutar para que nós tivéssemos uma sociedade melhor. Mas não! Eles não queriam nada disso, não queriam melhorar a sociedade, eles não queriam combater os erros da sociedade. O que eles queriam, por todas as evidências que nos aparecem, era apenas trocar a situação de uma elite que existia na época para que eles ficassem pertencentes a uma elite muito mais privilegiada.

É o que acontece, por exemplo, em alguns países comunistas, como Cuba, onde Fidel Castro fuma o melhor charuto, come a melhor comida, bebe a melhor bebida, mas onde o povo ganha só a ração básica.

Aliás, é por isso que eu combato o PT, porque, afinal de contas, é isso o que o PT quer sempre na sociedade: os deles sempre nababescamente instalados e o restante do povo que se lixe! Assim acontece na Albânia, assim acontece em Cuba, assim aconteceu na Rússia, assim acontece em todos os lugares: para o povo só a ração básica distribuída igualmente, irmãmente para todas as pessoas, só que aqueles que mandam, aqueles que são os donos do Poder, estes não, estes têm de tudo. Procurem saber se Fidel Castro passa realmente alguma necessidade, se não anda em carros importados, se não fuma o melhor charuto e não bebe a melhor bebida, se não come a melhor comida ou não viaja de primeira classe. Assim acontece nos outros países, e está acontecendo aqui. Acontece, como já aconteceu aqui em Porto Alegre, quando foi convidado um cidadão para fazer um parecer a respeito de segurança pública; um cidadão que, depois, foi empossado pelo Presidente Lula também para tratar de segurança pública. Lembro-me de que o Dr. Tarso Genro era Prefeito desta Cidade, e este cidadão veio para cá para fazer um plano. Escreveu umas bobagens tremendas e ganhou 80 mil reais da nossa Prefeitura Municipal. E assim eles vão dividindo essas riquezas entre eles. É uma vergonha nacional! Nós precisamos realmente acordar para fazer frente a tudo isso. Não se pode mais conceber esses nababos do Poder, que ficam fazendo discursos de pobrezinhos, mas que estão se adonando praticamente de todo o patrimônio da Nação. Eles têm os melhores empregos, têm os empregos mais bem pagos, vão criando espaços para que eles possam ocupar, e cada vez para ganhar mais e mais. E eles não gostam de fazer comentários. O Dr. Fúlvio Petracco não quis fazer nenhum tipo de comentário quando interrogado sobre esse “prêmio da Mega Sena” de mais de um milhão de reais, que, praticamente, foi dado a ele pelo Ministro da Justiça. Não falaram nada. Não têm o que falar, não têm de dar explicação. Afinal de contas, o Ministro faz isso e não tem de dar explicação! O Dr. Tarso Genro fez aqui e não teve de dar nenhuma explicação. Todos eles estão muito bem, o povo está muito mal; agora, eles estão muito bem! Sabem o que eles fazem? Eles colocam riquezas e mais riquezas dentro das emissoras de rádio e televisão, porque é muita propaganda distribuída. Eu dizia e afirmava, aqui, em uma determinada época, que eles gastavam 13 milhões de reais em propaganda enquanto alardeavam que, no Orçamento, não havia dinheiro para fazer obras. E eles diziam que eu não sabia, que eu mentia. Então, eu fui para a Justiça e busquei os dados, porque eles não me quiseram dar normalmente, e nós buscamos os dados. Eu tenho lá no meu gabinete para quem quiser ver: treze milhões de reais era o que eles gastavam aqui em propaganda! Então, sabem o que eles fazem? As emissoras de rádio e televisão, que são concessões e permissões, fazem exatamente aquilo que o Governo bem entende. Agora, por exemplo, eu tenho um programa na rede Net e recebi uma ordem para não falar absolutamente nada contra o Governo no meu programa de televisão. Tenho de me calar por completo, mesmo se eu tiver provas na mão. Mesmo se eu tiver uma denúncia para fazer, eu não posso fazê-la. Não posso! Estou calado por completo! E eles fazem exatamente isso. As notícias são só aquelas que eles querem que sejam divulgadas para o povo. Olhem quais as notícias que aparecem: “Melhora a economia!” Ninguém sente! Talvez o Dr. Gerdau, que é um homem que tem a maior empresa aqui, tenha sentido alguma coisa porque tem contatos lá com os Estados Unidos e com o mundo todo. Talvez ele tenha sentido alguma coisa, mas o restante da população não sentiu absolutamente nada sobre isso que eles falaram, sobre melhora da economia. Eles dizem que foram criados mais 800 mil empregos! Onde é que estão os 800 mil empregos criados? A população está passando por uma miséria muito grande, por um sofrimento muito grande, e eu sempre peço que me apontem onde estão os 800 mil empregos! Eu vi que criaram, realmente, grandes empregos para as esposas dos Ministros: dezessete mil reais para a esposa do Ministro José Dirceu; 19 mil reais para a esposa do Ministro Berzoini; mais 14 mil para a esposa de outro Ministro, e daí para fora. Daqui a pouquinho, serão as amantes; daqui a pouquinho, serão os filhos; daqui a pouquinho, toda a família vai ficar toda bem empregada. Agora, coitada da população! A população tem de ficar assistindo a tudo isso, ouvindo as notícias que eles querem que sejam divulgadas no rádio e na televisão e batendo palmas, achando que tudo está às mil maravilhas. Mas eu acredito que é hora de começarmos a cobrar. Aqueles que se diziam mártires da Revolução de 64 agora são os algozes da sociedade atual.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Raul Carrion está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. RAUL CARRION: Exma Verª Margarete Moraes, demais Vereadoras e Vereadores, todos que nos assistem aqui, em primeiro lugar, eu gostaria de, nesta fala de Liderança do PCdoB, voltar a tratar da questão da Saúde. O Ver. Sebastião Melo, que falou, também, em Liderança, se referiu à problemática da Saúde; eu coloquei, aqui, o problema de que cerca de trezentos e tantos milhões de reais que, constitucionalmente, deveriam estar na Saúde não foram ali alocados, que o Ministério Público Federal e Estadual exigem que o Governo Estadual cumpra a Constituição, sob pena de levá-lo às barras dos tribunais. Como o Ver. Sebastião é o Presidente da Comissão de Saúde, esperávamos que ele tomasse alguma atitude, pois este é o papel de um Presidente de Comissão, assim como eu, quando fui Presidente da CUTHAB, sempre que surgia um problema de habitação, fosse no âmbito estadual, fosse no âmbito municipal, encaminhava tentativas de solução. Mas o Vereador, em vez de tomar uma atitude, enveredou muito mais pelo caminho, eu diria, de ataques pessoais, pelo menos tentativas de ataque pessoal, dizendo que um “Vereador que fala da Base de Alcântara, contra a ALCA...” Eu me orgulho de fazer isso! Aliás, às vezes, o Ver. Sebastião Melo me cobra: “Mas e da ALCA, não fala mais?” Falo e continuarei falando e sou contra a entrada do Brasil na ALCA! “Fala do FMI?” Falo e sou contra que o Brasil assine acordos de subordinação ao FMI. Agora, até estranho, porque, hoje, o que eu falei, primeiro, foi sobre a solução de um problema de iluminação pública na Vila do Campo; segundo, foi sobre o problema dos churrasquinhos, aqui; terceiro, foi sobre o problema da Saúde, que está precária, e nós temos filas homéricas. Por exemplo, ali na Av. Borges de Medeiros, Verª Margarete Moraes, entre a Rua Riachuelo e vai até a Rua da Praia, onde as pessoas que precisam dos medicamentos de uso especial e de uso contínuo, que teriam direito a eles, não são atendidas! Então, ali, o Ver. Sebastião deveria pensar em uma marquise, onde não tem, deveria pensar nessas pessoas. Nós temos o caso, que já foi levado ao Ver. Sebastião Melo, de uma pessoa transplantada, Verª Margarete, que precisa usar regularmente Azatioprina, que é um medicamento especial. Muito bem. Tenho nas mãos (Mostra a publicação.) a Lei dos Medicamentos, da Deputada Jussara Cony, aprovada há muitos anos, que obriga o Estado a fornecer medicamentos desse tipo. Na página 10, está aqui, “Medicamentos Excepcionais”, que é obrigatória a entrega pelo Estado aos pacientes, na quinta linha diz: “Azatioprina, 50 miligramas, caixa com 200 cápsulas; laboratórios Imuran e Imunen”. O que aconteceu com essa usuária que foi no setor correspondente, que é a Coordenação de Assessoria de Medicamentos Especiais da Secretaria da Saúde do Estado? Sabem qual foi a resposta? “Entre na Justiça com uma ação. E, se V. Sª. ganhar a ação, aí nós daremos o remédio.” É este o Governo do Ver. Sebastião, do seu Partido, o PMDB, do seu Governador, Rigotto! E ele é o Presidente de uma Comissão desta Casa! E o que ele está fazendo? Nós só estamos chamando a atenção, Ver. Sebastião! Cumpra com o seu dever! Ou, porque é o seu Governo, V. Exª não vai atrás?

Com referência à realização do Seminário sobre Anemia Falciforme - há uma Lei aprovada nesta Casa, um Projeto meu para o qual convidei o Ver. Nereu D’Avila para fazer parte -, esta Casa foi convidada, através da Comissão de Saúde – foi o que fiquei sabendo -, mas não tomou conhecimento! A Casa não ia ser co-patrocinadora do evento. Fui lá, providenciei um convite para a Casa – V. Exª já está com ele -, e a Câmara estará lá. Então, eu me preocupo, sim, com a Saúde, com Projetos, com a Saúde na Cidade, que envolve também as responsabilidades do Governo do Estado. Aliás, o Ver. Sebastião deveria estar medindo o tal do um quilômetro que ia ser a distância entre cada posto de saúde. Eu desconheço qualquer posto de saúde que tenha sido feito, Ver. Braz! Se não foi construído nenhum e a grande campanha era diminuir a distância e botar um posto a cada um quilômetro, ou o Ver. Sebastião tem de reconhecer que já existia a distância máxima de um quilômetro entre os postos de saúde do Estado, ou tem de dizer que aquilo foi um estelionato eleitoral! Então, concluo, quero dizer que não gosto de vir aqui rebater ataques, que considero inclusive de caráter impróprio, mas simplesmente estou procurando zelar pela Saúde. Se faltam 300 milhões, Ver. Luiz Braz - e de forma muito forte a oposição cobra qualquer verba que falte no Município -, temos de cobrar do Estado, não pode haver aqui “amiguismo”, “é do meu Partido, eu fecho os olhos e, se alguém falar, eu ainda ataco”. Aí está errado, Ver. Sebastião! Então é isso: na verdade o que nós buscamos é solucionar os problemas. Eu faço um chamamento fraterno ao Ver. Sebastião Melo para que ele tome alguma atitude. Primeiro, para que essa verba constitucional vá para a Saúde; segundo, para que os usuários de medicamentos especiais deixem de ter de entrar na Justiça, Ver. Luiz Braz, para receber aquilo que está assegurado na Lei! Quando há Lei, que seja cumprida, e que não se exija decisão judicial. Muito obrigado.

(Revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Uma vez vencido o período de Comunicações, estando presentes - sentimo-nos honrados por sua companhia -, o Ver. Luiz Braz e o Ver. Raul Carrion, constato que não há quórum e dou por encerrada esta Reunião Representativa.

 

(Encerra-se a Reunião às 11h33min.)

 

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